Período Sabático
Primeira Carta
Entendi de escrever cartas, como antigamente ,porque cartas
tem um tom menos expresso, sem urgência .Estou assim, sem urgência nenhuma. E
cada e mail tem virado uma carta o que me faz sentir muito bem com a atenção
que estou podendo dar aos que prezo como amigos .Para amar a gente precisa de
tempo.
Vivo e escrevo em um País chamado Brasil, estou na Bahia, Estado quase país tal a língua própria que se fala, a filosofia que se vive ,a mistura de raças e de estilos em que o sui generis é corriqueiro .A baiana que vende acarajés há muito tempo é um baiano e é perfeitamente natural ,não é de agora .O sotaque do idioma baianês pinta as palavras, você vê o que se fala com cor e tudo . O jeito que a Nilma faz a resenha quando chega na hora de servir o café da manhã. E Nilma se chama Bunita .E Bunita ela é. E conta tudo, quem morreu de tiro, as piriguetes , o forró, o brega .Esparrama notícias com cores fortes e desabridas. Ousa gestos enquanto lava a louça e se entrete com outros afazeres. E da conta de tudo rindo, conversando no celular, falando de moda e de novela. Bunita faz faculdade, e é mãe da Letícia uma princesinha de 2 anos, perfumadíssima ,sempre no charme dos cuidados maternos.
Bunita Letícia
Ontem, no JN vi que os índios Pataxós com a cara pintada de
vermelho lá da cidadezinha de Pau Brasil, lugar perto daqui de
Trancoso estão reivindicando terras em disputa que já vai longe e que
seria necessária a intervenção do exército.
Brasil é assim, este total desiquilíbrio, este assombro pelo
imenso. É terra de muito chão. Acontece de não haver consideração pelas leis ,e
não são casos isolados ,são casos amontoados, esquecidos, pagos para não ser
lembrados.
Tudo aqui é tão lindo, o ar é límpido ,o céu brilhante, o
verde, todos os verdes ao alcance das mãos, a natureza rica, nítida em todos os
seus detalhes reduz a nós em simples mortais presenteados com esta apoteose que
temos que ter a atenção de preservar.
Neste período Sabático a que me propus ,priorizei saúde, bem
estar, libertação de crenças , pessoas e pensamentos tóxicos, e agora começo a
enxergar um caminho
que aos pouquinhos vou revelando nas cartas
que vou escrevendo porque assim não fico ansiosa e nem crio expectativas
em quem me lê.
Quando cheguei, há meses, e fui acolhida com muito carinho por minha amiga irmã
Vanessa ,meus músculos estavam tensos, o pescoço arqueado, os pensamentos
saltavam uns sobre os outros numa grande desordem. Estava cansada, doía tudo,
principalmente a alma e o mundo não me
parecia um lugar habitável .Estava acima do peso e cheguei com a proposta de
emagrecer para salvar minha coluna e me livrar das dores. Parece que foi ontem
e que não foi comigo, o tempo voou sem deixar traço, em seu lugar deixou saúde,
energia ,calma, e uma certa santidade misteriosa que chega pelas andanças
diárias do Villas ao Rio da Barra.
Eliana Farhat e Vanessa
Tudo é novo sob o sol, li mais de uma dezena de bons livros, pouco escrevi mas brinquei feito criança solta e feliz.
Eliana Farhat e Vanessa
Tudo é novo sob o sol, li mais de uma dezena de bons livros, pouco escrevi mas brinquei feito criança solta e feliz.
Laila um dia deixou um livro para que eu lesse com a certeza
de que eu iria gostar muito “O Arroz de Palma”, de Francisco Azevedo. Meu Deus!
Que Saudade! foi ver meu pai e minha mãe
na minha frente, foi sentir a vida com os olhos apertados e as lágrimas rolando
mansas. Fui meu mar ,meu rio, minha água inteira de saudade. Saudade sim!
Fui o luto que não me permiti viver, as louças encaixotadas,
guardando histórias .As frases que meu pai dizia. A voz de meu filho menino .Os
rostinhos de cada um de meus netos. Grudei no livro,ri e chorei com êle ,
abençoei o escritor mil vezes por me fazer arder de amor do jeito antigo ,sem
pressa ,como tem que ser. Senti saudade de casa, das minhas meninas, do meu
cachorro Lovan, dos meu amigos de lá. Eita! Coração, aprendiz e esforçado.
Os sentimentos são nosso jeito de ser humanos.
Os pensamentos são coisas por vir.
Hoje nem existe longe.
Pela FB acompanho a viagem de Ronnie e Adriane à Big Apple.
Por telefone falo com a Fabi e ouço o choro da Lorena.
Notícias constantes de Sérgio e Flávia.
Acerto as próximas viagens. Pesquiso promoções, comparo preços.
Oficina de Trabalho
É um céu ,vasto céu onde perco o pensamento na busca pelo destino pois ando tão livre, tão livre que tem hora que me perco de mim.
7 comentários:
Grande ideia essa de voltar a escrever cartas à moda antiga !
E Vc escreve bem !...Deu-me imenso prazer ler a sua linda carta.
Escreva mais !
Cris, aqui a gente vai vivendo. Aí vai existindo...
Basta conferir as fotos, o que você escreve e, de modo especial, transmite.
Beijos,
Jorge
Cartas são para uma vida toda, com sentimento, emoção, coisas que estão passando desabercebidas nesse mundo virtual é é muito bom saber que ainda tem gente que cultiva essas coisas "antigas". Nesse meu mundo vc é sempre bem vinda para anos sabáticos ou não, cartas, silencio, meditação ou ação. Bjs no coração....Vá
"Eita! Coração, aprendiz e esforçado."
Eita! Vida boa!
Mil "Xêros".
Meu Deus, que lugar. E que bem que te faz estar por aí, nesse paraíso, Cris. Meu avô paterno nasceu não muito longe de onde você está - Camamu, litoral sul da Bahia. Aproveite muito esse tempo que você se deu. Um beijo.
Lindo!
Cartas...são outra coisa! E sem tempo para as remeter...melhor ainda!
Gostei deste novo registo.
Continue nesse paraíso, encontrando palavras que nos encantam.
Beijocas
Graça
Postar um comentário